Mas a cabeça gira e não paro de pensar o que realmente essa moça representa. Ela é carioca, o que nos leva a pensar numa jovem de pensamento leve e de relacionamentos modernos. Mas isso não combina com sua atitude, concorda? E o noivo? Que tipo de relacionamento é esse? Não conversavam? Não criaram intimidade...ela não se sentiu a vontade ou segura pra contar da sua vida... que casamento seria esse então?
Bem aí vou mais além ué...quem é que manda na elasticidade do pensamento? Então tá: Pensei nas mulheres sem direitos, nas mulheres que usam Burca, nas mutiladas da Africa, nas anoréxicas todos essas e outras mais ainda dependentes de um conceito seiládoque que lhes tira a capacidade de ser feliz. De serem escravas de si mesmas como essa noivinha.
Lembrei também das Mulheres de Atenas. Quem melhor que Chico Buarque para retratá-las? Chico e sua alma feminina. Seus olhos verdes enxergaram além e musicaram a vida dessas criaturas "Helenas".
As Helenas do Chico vivem por seus maridos e filhos. O orgulho de Atenas. Não tem sonhos, não tem vontades. Vivem a tecer longos bordados para que ao terminá-los quem sabe o marido teria chegado de suas batalhas. E nessa chegada elas estariam perfumadas, banhadas e arrumadas para agrada-los. E se não voltassem? Elas seriam as viúvas conformadas às suas novenas.
Lendo a letra, a gente pensa numa coisa distante, uma lenda, uma literatura.
Daí a gente lê essas coisas no Jornal da banca da esquina ou na quina da página da internet e percebe que as Helenas ainda estão entre nós... um tiquinho mais moderninhas, é verdade. Mas ainda se mirando no exemplo daquelas mulheres de Atenas.
Querem conferir essa maravilha? Solta o som aí:
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